Autor - Rafael Gomes
Editora - Leya
O mundo de Sofia encontra a Literatura! Que tal ser amiga de Thereza, uma jovem cheia de sonhos, e junto
com ela e seus amigos da escola envolver-se no mundo da literatura e descobrir
que, sim, a vida fi ca muito mais encantadora na companhia de Machado de Assis,
Fernando Pessoa e Camões? Considerado O mundo de Sofia da literatura, Tudo o
que é sólido pode derreter traça paralelos entre os livros e a vida, e constrói
uma crônica juvenil delicada e divertida, que mistura humor e drama para
abordar o tema da transição para a idade adulta.
"Tem gente que ouve bandas de rock, gente que joga vôlei, coleciona quadrinhos, anda de skate, conheço até gente que aprende a fazer tricô com a avó ou se dedica a catalogar passarinhos pelos parques da cidade. Eu leio." Pág. 16
Um dos melhores livros livros nacionais que eu já li. Desculpem se a resenha ficar muito grande ;)
Tudo o que é sólido pode derreter conta a história de Thereza, uma adolescente de 15 anos que está no primeiro ano do colegial e tem todas as dúvidas normais a pessoas dessa idade. Além disso, perdeu um tio que era muito próximo a ela e sempre dava conselhos sobre suas dúvidas e afins. Na escola, Thereza tem aulas de literatura (óbvio) e o professor cobra leituras de alguns clássicos. No meio dessas leituras, a vida e os dramas da personagem vão se misturando com os livros, já que sem os conselhos do tio, Thereza vai tirando lições deles.
Quem nunca 'sofreu' pra ler um clássico obrigado na escola ou no vestibular não é mesmo? E tem também o fato de que alguns tem uma linguagem muito complicada que a gente acaba não entendendo nada. Em Tudo o que é sólido pode derreter, a vida de Thereza é um passeio por esses livros, de forma que a gente conhece o gênero literário e a história, tudo de forma divertida e dinâmica sem ficar cansativo ou maçante, já que em meio aos clássicos tem todas as aventuras de Thereza e seus amigos.
Uma coisa muito bacana no livro é que, por ele ser brasileiro, dá pra ter uma identificação muito grande com a história, porque a escola é exatamente do jeito que as que a gente frequenta. Em livros estrangeiros tem toda aquela coisa de armários, alunos que trocam de sala e ficam quase o dia todo na escola, almoçam lá e etc, e aqui no Brasil não tem nada disso. Então é muito bacana ver que o cotidiano de Thereza não é muito diferente do nosso. Ela estuda em uma escola estadual, não é super popular, tem amigos normais, pessoas de que gosta e que não gosta, pega ônibus, tem matérias que a gente já teve ou ainda tem, é tudo muito real e parecido com situações do nosso cotidiano.
"...Quer dizer, a Idade Média é velha pra burro e os Autos, portanto, são tão velhos quanto. Mas não é incrível que ainda hoje a gente leia essa peça do Gil Vicente e ela possa ser divertida e atual? Mais do que isso, que ela possa ser atualizada sem nenhum prejuízo em seu sentido?" Pág. 26
Cada capítulo é um clássico abordado. E outra coisa muito bacana é que essa mistura de livros não prejudica a história. O autor soube encaixar os livros com o momento vivido pelos personagens. Em algumas partes existe uma explicação muito grande da obra que fica parecendo um livro de história da literatura, mas no geral o livro é uma releitura atualizada de grande parte da literatura brasileira e portuguesa, e isso é muito interessante. O livro mistura a realidade de Thereza com a fantasia dos livros, que vão desde Os Lusíadas, Auto da Barca do Inferno até Dom Casmurro, entre outros.Thereza é uma adolescente mas nem por isso é chata ou cheia de inseguranças. Ela é uma personagem divertida e que tem algumas dúvidas, mas que são normais, do tipo primeiro amor, rivalidades na escola, nada muito dramático. Eu já falei ali em cima que dá pra se identificar com muita coisa no livro, e os amigos de Thereza são uma dessas coisas. Tem Marcus que é super amigo, tímido e sem noção; Letícia - a melhor amiga desencanada, Noa - a amiga que mora em outro país e elas conversam apenas virtualmente, Dalila - a patricinha e João Felipe - o simpático e querido por todos Pelo menos algum amigo nosso é parecido com os de Thereza. Os personagens são muito bem construídos e carismáticos e a história é muito divertida e prazerosa.
É um livro que você se diverte e aprende ao mesmo tempo. É um passeio pela história de Thereza e pelos clássicos da literatura. E que nos faz perceber que a literatura clássica não precisa ser maçante, é tudo uma questão de interpretação. Leitura altamente recomendada.
PS: O livro foi originado de um curta, que posteriormente foi adaptado para uma série de televisão, exibida em 2009 na TV Cultura. A série só teve uma temporada de 13 episódios. Quem quiser assistir, no site da TV Cultura tem todos os episódios e você pode assistir
aqui.