Autora: Elizabeth Scott
Editora: Underworld
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Era uma vez, eu era uma menininha que desapareceu.
Quando Alice tinha dez anos, Ray levou-a de sua família, seus amigos ― a sua vida. Ela aprendeu a desistir de todo o poder para suportar toda a dor. Ela esperou que o pesadelo acabasse. Alice agora tem quinze e Ray ainda a tem, mas ele fala mais e mais da sua morte. Ele não sabe é o que ela anseia. Ela não sabe que ele tem algo mais assustador do que a morte em mente para ela. Esta é a história de Alice. É uma história que você nunca ouviu falar, e que você nunca, jamais esquecerá.
Vejo meu reflexo no plástico, que me transforma em uma criatura
estranha e distorcida, a sombra de alguém ou alguma coisa.
Pareço esquisita.
Pareço morta.
Não estou, entretanto. Só em parte. Uma menina-morta-viva.
Estou assim há cinco anos.(Pág. 13)
O livro conta a história de Alice. Uma menina que foi raptada por Ray quando
tinha 10 anos. O nome verdadeiro dela não é Alice, mas Ray insiste em chamá-la
assim e essa passa a ser sua nova identidade. Antes dela houve outra Alice, que
foi encontrada morta com 15 anos. Alice agora tem 15 anos e imagina que
logo Ray vai matá-la também.
Alice é abusada fisicamente e psicologicamente por Ray desde que foi
raptada. O homem não quer que ela cresça e, para isso, desde a alimentação
da menina é controlada para que ela não passe dos 45 quilos.
“Não crescer nunca. Talvez funcione em historinhas infantis. Tente
dizer isso quando é impedida de crescer, quando está presa para sempre no que outra
pessoa quer que você seja.” (Pág. 25)
O livro é narrado pela Alice e a história toda é muito angustiante. Os
capítulos são pequenos e a leitura é rápida, mas a carga dramática é muito
forte. No começo eu fiquei com certa raiva da Alice, já que ela não era
proibida de sair de casa e mesmo assim nunca denunciava o Ray. Mas no decorrer
dos capítulos ela mesma explica toda essa situação e é possível ver que todos
os abusos mexeram muito com o psicológico da menina.
Outra coisa também é que lendo é sempre fácil apontar saídas para a
personagem, mas é o tipo de situação que quem está de fora não pode julgar.
Ninguém sabe o que faria se estivesse no lugar da Alice. Ray sempre abusou dela
de todas as formas possíveis, com ameças, fisicamente, sexualmente e psicologicamente.
Ray é um personagem completamente psicótico. Ele foi abusado pela mãe quando
criança e por esse motivo (?) faz o mesmo com crianças. Percebemos o quão perturbado e louco ele é em várias partes da história, como em momentos em que ele critica quem trata mal as crianças ou
mesmo quando parece não se dar conta de que o que ele faz é errado, na cabeça
dele tudo é muito ‘normal’.
Alice já sofre há tanto tempo que nem se importa mais com o futuro, tudo
o que ela quer é que o sofrimento acabe. Tanto que ela ‘arruma’ uma menina mais
nova e decide raptá-la para o Ray, já quem sabe assim ela fique livre.
Menina morta-viva é um livro emocionante que desperta vários tipos de
sentimentos e nos envolve na história de forma que poucos livros fazem. Te faz
ter raiva em algumas partes, empatia em outras e logo em seguida não saber o
que fazer ou o que faria em determinada situação. É o tipo de livro que você
quer entrar na história para salvar a menina e fazer o Ray pagar de alguma
forma.
É um livro forte e impactante, mas ao mesmo tempo real, já que a história não é totalmente fantasia, visto que casos como esse acontecem na vida real. Vale a pena ler.
"Quero fugir, mas não posso, não posso. Tentei e não deu certo, nunca dá certo, sou uma ferida aberta a cada dia, um grito ambulante, mas não faz diferença. Ninguém me vê. Quero fugir, mas sei que não há para onde ir." (Pág. 122)