Autor: Matthew Quick
Editora: Intrínseca
Páginas: 223
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Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.
Volto a luz para a parte interior de seu braço.
Primeiro eles o ignoram, depois riem de você,
Em seguida lutam com você, e então você ganha.
[...]
- Mas por que você a tatuou tão alto no braço?
- Para não esquecer que eu ganho no fim.
- Como você sabe que vai ganhar?
- Porque eu continuo tentando. Pág. 182
Perdão, Leonard Peacock é um livro intenso, que trata de um tema sério e traz várias lições e, sendo narrado por um jovem de 18 anos, não é uma história pesada. É emocionante e real, com sentimentos e moções dosados na medica certa.
Leonard é um garoto que foi abandonado pelo pai, a mãe nunca se importou muito com ele e mudou de cidade devido a sua carreira de estilista e seu melhor amigo, Asher Bell, o humilhou quando eram mais novos. Desde então Leonard é praticamente sozinho. Apenas quatro pessoas são importantes para ele.
No dia de seu aniversário de 18 anos, Leonard decide matar o ex-amigo Asher Bell e em seguida cometer suícidio. O livro se passa nas 24 horas do dia do aniversário dele e acompanhamos o personagem quando acorda, vai para a escola e toda a trajetória desse dia.
O livro é narrado pelo Leonard e apesar de se passar em apenas um dia, na medida que as coisas vão acontecendo, ele conta suas memória, que é para o leitor saber o porque de tudo, o que levou ele a tomar essa decisão e qual a importância dessas pessoas que ele decide presentear no dia de seu próprio aniversário.
O livro é muito intenso e apesar de ser pequeno e de leitura rápida, traz muitas reflexões. É muito fácil ler e julgar o personagem pelas atitudes dele. Algumas vezes dá para pensar que por mais solitário e triste que ele fosse, nada justifica uma atitude tão drástica. Só que isso é outro ponto difícil de ser julgado, ninguém sabe como uma atitude marca uma pessoa, o que as vezes parece pequeno para alguns é muito grande para outros, e também é fácil dar opiniões quando não passamos pela mesma situação.
Leonard gosta de passar algum tempo analisando as pessoas ao redor e o que fazem com suas vidas. De poucos amigos, ele não se abre muito devido a traumas do passado. Tanto que ninguém sabe que é seu aniversário, e nesse ponto vemos o quão solitário e carente é o personagem, já que seu desejo secreto é que alguém o parabenize.
Esse é um livro muito atual, já que o assunto bullying está em bastante evidência e Leonard é uma vítima disso. Em uma aula, o professor orienta que os alunos escrevam cartas para si mesmos, como se estivessem no futuro conversando com seus eu de agora. É aí que percebemos, que apesar de todos os problemas, Leonard deseja ser uma pessoa normal, com uma família feliz e com amigos.
O personagem é incrível, muito bem construído e com a medida certa de tristeza, sarcasmo, solidão. Um misto de sentimentos na cabeça de uma pessoa tão jovem e nos faz pensar nas nossas atitudes, que as vezes uma brincadeira pode ser mais séria para alguém do que imaginamos e também sobre o valor de pequenas coisas, que as vezes ignoramos enquanto é o que outras desejam.
O livro é incrível e nos faz ficar pensando na história durante um tempo após a leitura. E como já citei lá em cima, mesmo com toda a carga dramática, não é uma leitura pesada e difícil. E apesar de todo o sofrimento e tristeza, Leonard consegue nos inspirar com sua história.
"Durante todo o tempo eu finjo ser um telepata. E, apenas com a minha mente, eu digo - ou penso? - para o meu alvo: 'Não faça isso. Não vá para esse trabalho que você odeia. Faça algo de que goste hoje. Ande de montanha-russa. Nade pelado no mar. Vá para o aeroporto e pegue o próximo voo para qualquer lugar apenas por diversão. Gire um globo terrestre, pare-o com o dedo e, em seguida, planeje uma viagem para aquele lugar. Mesmo que seja no meio do oceano, você poderá ir de barco. Coma alguma comida exótica da qual nunca ouviu falar. Pare um estranho e peça para lhe explicar em detalhes seus maiores medos, suas esperanças e aspirações secretas, e em seguida diga-lhe que você se importa. Porque ele é um ser humano. Sente-se na calçada e faça desenhos com giz colorido. feche os olhos e tente ver o mundo com seu nariz - permita que o olfato seja a sua visão. Ponha o sono em dia. Ligue para um velho amigo que você não vê há anos. Arregace as pernas da calça e entre no mar. Assista a um filme estrangeiro. Alimente esquilos. Faça alguma coisa! Qualquer coisa! Porque você inicia uma revolução, uma decisão de cada vez, toda vez que respira. Só não volte para aquele lugar miserável para onde vai todos os dias. Mostre-me que é possível ser adulto e também ser feliz. Por favor'." Pág. 46 e 47
(Perdoem o quote gigantesco, mas é impossível cortar ou escolher apensas um trecho)
Oi Glaucea, tudo bem?
ResponderExcluirJurava para você que esperava coisas totalmente diferentes desse livro! Não sei, acho que não tinha uma visão correta dele. Mas vou te dizer a verdade: agora eu quero lê-lo ainda mais! Adoro livros que tratem de temáticas mais delicadas, por assim dizer. Sempre me ganham. :)
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Oie!
ResponderExcluirNossa, este livro parece ser muito bom. Pela sua resenha vi que ele tem um tema bem atual e importante. Fiquei curiosa!!
Beijos*
Oi Glaucea, li algumas resenhas desse livro e estou ficando bastante curiosa a respeito dele, principalmente por causa dessa carga dramática sem se tornar pesada. O assunto é sério, não há dúvidas, mas o autor parece saber conduzir bem. Não li nada dele ainda, mas pretendo.
ResponderExcluirBeijos
Oie Glaucea
ResponderExcluireu comprei o livro na bienal para o autor autografar, e ainda não o li. mas estou mega curiosa ainda mais depois da sua resenha, e também porque amo a escrita do Quick.
bjos
www.mybooklit.com
É difícil encontrar encontrar um livro tão real assim. Livros que tratam de bullying, do abandono dos pais, enfim, é uma coisa difícil, porém, é algo que instiga o leitor.
ResponderExcluirAdorei sua resenha e a forma que você abordou o livro sem cometer spoilers.
M&N | Desbrava(dores) de Livros
Ganhei esse livro e como já conheço a escrita do autor já tenho carinho especial por ele. O autor me mostrou toda sua habilidade em O lado bom da vida. Com ele me encantei pelo universo diferente de Pat.
ResponderExcluirDeverá ser assim que me apaixonarei tb pelo de Leonard. Sei que poderei entender suas razões, apesar de não aceitá-las. Porque Quick é bom nisso!
Acho a sinopse emocionante e forte, especialmente pelo sofrimento que Leonard carrega e que arde dentro dele e ninguém percebe…
Será minha próxima leitura!